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O Inferno de Alice, Alice Jamieson



Sinopse:
Alice parecia ter tudo para ser feliz: vivia com os pais e o irmão numa casa luxuosa, frequentava as melhores escolas… Porém, sempre se sentiu diferente das outras crianças. Sofria de perdas de memória, tinha pesadelos violentíssimos e as vozes que ouvia na sua cabeça pediam-lhe para se matar. Culpou-se em silêncio durante anos até procurar um terapeuta, que a ajudou a compreender o que a atormentava: múltiplas personalidades. Quando elas se revelaram, Alice percebeu por fim a dimensão da sua agonia. Cada uma das personalidades tinha as suas próprias e terríveis memórias. Ela podia finalmente ter uma visão global da sua infância. Mas o que descobriu quase a matou. Alice fora abusada pelo próprio pai desde os seis meses de idade. Ao longo da sua infância, adolescência e juventude, ele violara-a centenas de vezes, tendo até permitido que outras pessoas o fizessem. “O meu pai infligiu-me todas as perversões possíveis”, conta-nos. Na adolescência, sofria de anorexia e de perturbação obsessivo-compulsiva, perturbações que eram, no fundo, silenciosos pedidos de ajuda que ela descreve corajosamente em O Inferno de AlicePerceber e sobreviver ao passado foi apenas o início de uma luta que Alice trava até hoje. Esta é a sua história.

Achei apropriado que a minha primeira crítica no blog fosse sobre este livro, por tê-lo lido à relativamente pouco tempo e me ter ficado marcado na memória. Alice relata-nos momentos da sua vida, atrocidades que durante muitos anos permaneceram trancadas na sua mente. É de louvar a sua coragem, que em primeira pessoa nos expôe as suas desagradáveis experiências com uma escrita inteligente capaz de nos prender a cada palavra.

Alice, a mãe, o pai e o irmão constituíam uma família modelo, aparentemente perfeita aos olhos de fora, mas distantes uma vez que se passava da porta para dentro. Para ela, na verdade, a vida era um inferno, uma vez que desde os seis meses era abusada sexualmente pelo próprio pai (e algumas vezes por amigos dele), uma situação que continuou até à sua juventude. Aí, começou a ter visões e pesadelos fortes sobre as violações, que recusou a assumir como sendo reais. Somente aos 24 anos, enquanto fazia mestrado, foi diagnosticada e se apercebeu de que os seus pesadelos eram na verdade memórias.

Desde muito cedo que teve de enfrentar problemas físicos e psicológicos, tais como fissura anal, depressão, problemas com bebida, drogas, etc além da dificuldade que tinha em relacionar-se e criar laços com outras pessoas. As várias personalidades (o Professor, Shirley, Kato, etc) surgiram como um mecanismo de defesa, lidando com a realidade dolorosa sem Alice tem noção do que acontecia de verdade, apesar de ouvir vozes que a desprezavam e incentivavam que se matasse. Como consequência, sofria de brancas e perda de memória sempre que alguma assumia controlo.

É revoltante e doloroso ler o relato de Alice sobre as violações e abusos por que passou. São as palavras de alguém que não esquece e que nunca irá superar o que viveu, mas que espera ajudar outras pessoas que tenham passado pela mesma situação. É alguém que se quer fazer ouvir. 

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